A data, fora do período tradicional, foi encontrada na sequência do último Decreto Presidencial sobre o Estado de Calamidade Publica que proíbe, inicialmente até 15 de Janeiro, o desporto federado para evitar a propagação da Covid-19.
Na sequência, também será anunciada outra altura para o meeting internacional “Demósthenes de Almeida”, marcado para o próximo dia 2 de Janeiro, no Estádio Municipal dos Coqueiros.
O país registou, nas últimas semanas, um aumento de casos de contaminação pela pandemia, subindo aos três dígitos pela primeira vez desde que anunciada em Março de 2020, face, também, à nova variante do vírus SARS-CoV-2, o Ómicron.
Assim, os quase dois mil fundistas já inscritos, entre os quais da RDC, Quénia e Gâmbia, terão de esperar pela melhoria do actual quadro pandémico para desfilarem pelas ruas de Luanda, numa prova disputada desde o período colonial, em 1954.
No entanto, esta maior competição do calendário da Federação Angolana de Atletismo já conheceu casos mais graves em outras ocasiões que resultaram em cancelamento, nomeadamente, nas edições de 2020, 1978 e 1961.
A corrida não saiu às ruas em 2020 igualmente devido à Covid-19. Em 1978 foi por questões organizativas, enquanto em 1961 devido a situação política no território nacional, então colónia portuguesa.
O evento secular é uma iniciativa mundial da igreja Católica que rende tributo à figura do Papa Silvestre, considerado o responsável pelo fim da perseguição sofrida pelos cristãos no início do Cristianismo, no Império Romano.
Silvestre – que morreu em um 31 de Dezembro – foi o 33º papa da Igreja Católica por mais de 20 anos (314 a 335 d.C).
Em Angola esta prova de atletismo nacional já sofreu inúmeros reveses. Inicialmente disputava-se a partir das 22 horas, passando posteriormente o tiro de largada para às 18 e 16h00 , inclusive já trocou de denominação e de percurso.
De São Silvestre virou “Demosthenes de Almeida” a partir de 1985, em homenagem ao símbolo do atletismo angolano, Demosthenes de Almeida Clington, voltando depois à forma inicial por questões de marketing.
O evento contou com a participação de atletas estrangeiros a partir de 1964 primeiro no sector masculino e apenas anos depois foi introduzido o feminino.
O recorde da São Silvestre pertence ao ex-fundista etíope Hailé Gebrsalassie, na altura ao serviço do Kabuscorp do Palanca, com o tempo de 28:04.
O angolano Isidoro Louro foi o vencedor das três primeiras edições de âmbito nacional (1954,1955 e 1956), no entanto, superado pelo compatriota António Esperança, com quatro títulos consecutivos (de 1957 a 1960).
O atleta João Ntyamba, vencedor em 1999 e 2000, detém, entre os nacionais, o melhor tempo da corrida de fim-de-ano, com a marca de 31;33,09 minutos.
Os angolanos Alexandre João, com o tempo de 31 minutos e 26 segundos, e Ernestina Paulino (36 minutos) são os detentores dos títulos de 2019, competição nacional mas que contou com a presença de estrangeiros residentes no país.
Disputada agora num percurso de dez quilómetros, a São Silvestre começa no Largo da Mutamba, passa pelas avenidas Amílcar Cabral, Revolução de Outubro e Ho-Chi-Min.
Segue pela Alameda Manuel Van-Dúnem, Largo do Kinaxixi, Rua da Missão, Avenida 4 de Fevereiro, Largo do Baleizão, Rua Francisco das Necessidades e termina no Estádio dos Coqueiros.