O constrangimento de haver dois Papas eméritos, caso Francisco resignasse, era considerado por muitos o grande entrave à resignação do atual Papa e deixou de existir com a morte de Bento XVI. Francisco terá assim “via aberta” para pôr fim voluntário ao seu pontificado. Mas teólogos e vaticanistas com quem a CNN Portugal conversou acreditam que, enquanto houver força anímica, o Papa se vai manter no cargo
A possível resignação do Papa Francisco tem sido objeto de rumores e de análise e comentário. Ainda recentemente, foi o próprio Sumo Pontífice a levantar essa questão, assumindo que tem a carta de resignação escrita há nove anos. Ou seja, praticamente desde que assumiu o cargo.
O chefe da Igreja Católica, que completou recentemente 86 anos e tem dado sinais de alguma fragilidade da saúde física, disse, em dezembro, ao diário espanhol ABC que assinou a carta de demissão e a remeteu ao secretário de Estado do Vaticano, Tarcísio Bertone, antes de este se reformar em 2013.
Muitos vaticanistas e especialistas em religião acreditavam que, por mais frágil que estivesse a saúde do Papa Francisco, ele não renunciaria enquanto Bento XVI estivesse vivo, para evitar o constrangimento de haver dois Papas eméritos, podendo agora ter via verde para o fazer. O jornalista António Marujo, do portal Sete Margens, admite que não será uma prioridade, mas é algo que poderá vir a acontecer.
A sucessão
A questão de uma possível sucessão de Francisco também não causa preocupação a Frei Fernando Ventura. Até porque o passado lhe transmite essa tranquilidade: “A eleição de um Papa é sempre um exercício de fé e em cada tempo tem aparecido um Papa que trouxe aquilo que era necessário, aquilo que a igreja precisava naquele contexto”.
Já António Marujo teme pela continuidade das reformas iniciadas pelo Papa Francisco, embora considere que “será muito difícil voltar para trás”. “Preocupa-me se não for uma pessoa que assuma o movimento reformador que ele iniciou”, admite.