Huíla: Requalificação do troço renova esperança de vida em Chicomba

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“Estamos estagnados aqui há três dias, devido a uma grave avaria no sistema de embraiagem”, acrescentou o mestre Sapalo, que se encontrava debaixo do veículo, com o ajudante. Substituíam uma peça quebrada, em consequência do mau estado do troço Chicomba-Quipungo. 

O Jornal de Angola percorreu mais de 80 quilóme-tros de picada, dos cerca de 110 que separa o Quipungo da sede municipal de Chicomba, e constatou que diariamente, naquela via, dezenas de carrinhas carregadas de cereais, como o milho e a massambala, percorrem o troço que apresenta níveis acentuados de degradação, facto que exige maior atenção e habilidade, por parte dos automobilistas que atravessam a estrada ao volante de viaturas todo terreno, como as carrinhas de marca Toyota, camiões Volvo e Scania.

Durante o trajecto, os motoristas abrem os seus arquivos históricos. Colocam à disposição dos passageiros. Entre coisas boas e más, cada um a seu jeito conta tudo o que passou naquela via. A maioria fala de coisas impressionantes, que podem sustentar a produção de um grande êxito de literatura.

Na estrada Chicomba-Quipungo, o som produzido pelo estourar de pneus deixou de surpreender os viajantes. Nenhum automobilista arrisca-se a atravessar o percurso sem estar munido do aparato técnico essencial, para socorrer-se em avarias básicas. A perícia demonstrada na substituição de pneus de grande porte, motivaram os curiosos a apelidar de “recauchutagens mó-veis” os jovens ajudantes de camionistas.

Um camionista, que circulava na via, assegurou que os camiões só ficam muitos dias parados no troço quando a avaria é muito grave. “Nós fazemos de tudo um pouco para resolver rapidamente o problema”, disse João Gomes, acrescentando que a concorrência para Chicomba tem a ver com as propostas aliciantes dos fretes, sobretudo na transportação de milho às províncias do Namibe, Benguela e Luanda.

Troço em obras

A boa nova para os habitantes da circunscrição chegou, com o arranque das obras de reparação do troço de 110 quilómetros, orçadas em mil milhões e 995 milhões de Kwanzas. A obra terá a duração de 270 dias, e a empresa vencedora do concurso para a execução do projecto, Status Comércio e Indústria Lda, garante que vai respeitar os prazos contratuais.

A administradora municipal de Chicomba, Dina Berner Domingos, esclareceu que a obra enquadrada no Plano Integrado de Intervenção dos Municípios (PIIM) abrange, também, algumas ruas da sede comunal, com a colocação de passeios, sinalização, entre outros adornos que configuram uma nova imagem à vila.

Dina Domingos reconheceu haver dificuldades para percorrer o troço Chicomba-Quipungo, e garantiu que nos próximos três meses, a circulação de veículos ligeiros e pesados será feita em melhores condições. A administradora de Chicomba informou que a em-presa construtora promete colocar solos que “não se degradam com facilidade, criar sistemas de drenagens compatíveis às chuvas que caem sobre a região, entre outras condições favoráveis à durabilidade da estrada”.

A responsável vaticinou que, após conclusão das obras de terraplanagem, “vai chegar a fase da asfaltagem, a cargo do Ministério da Construção e Obras Públicas, por ser uma via nacional e abranger os “Municípios Triângulo do Milho”, que envolve o Chicomba, Caluquembe e Ca-conda. Anastácio Jairo reside há 45 anos no Chicomba. Além de desenvolver a actividade comercial, trabalha na agricultura e realiza várias acções no domínio da construção civil.

O agente económico afirma que os empreendedores da circunscrição são verdadeiros heróis, por contornarem sempre as peripécias que o troço proporciona, principalmente na época chuvosa. A partir do desvio de Quipungo, disse, o mau estado da via já deixou mal muita gente.

“Há viaturas que avariaram aqui e nunca mais saíram, por ser onerosa a sua recuperação. Fica difícil alugar um rebocador”, explicou, para de seguida sublinhar que dezenas de comerciantes já perderam toneladas consideráveis de milho. “Muitos camiões alugados avariam na via. Algumas peças danificam durante o percurso, e as dificuldades na aquisição de acessórios promovem situações difíceis de suportar”, disse.

<\/scr”+”ipt>”); //]]>–> justify;”>O soba Nongolo Alfredo sublinhou que a população aguarda, há 15 anos, pela reabilitação do troço. “Aqui passaram vários dirigentes, que deixaram a promessa de resolver o problema da estrada, e nunca mais voltaram a aparecer no Chicomba”, lamentou.

A autoridade tradicional é, também, um dos mais bem sucedidos agricultores da região, por isso reclama que “só com boa estrada é que o município poderá desenvolver-se. Aqui produzimos muito milho que atrai os comerciantes de vários pontos do país. Mas são poucos os que decidem voltar aqui, por causa das condições da estrada”.

Outras empreitadas

No hospital municipal de Chicomba está a ser instalado um bloco operatório, para impedir que os habitantes da localidade continuem a percorrer cerca de 220 quilómetros, em busca de tratamento dos casos mais complexos, que necessitem de intervenções cirúrgicas. A acção, enquadrada no Plano Integrado de Intervenção nos Municípios (PIIM), contempla ainda a construção de um laboratório e acções de apetrechamento e modernização do hospital.

“Perspectivamos aumentar os serviços de atendimento e proporcionar melhores condições de trabalho aos profissionais de saúde”, disse a administradora Dina Domingos. Actualmente, o sector é composto por 16 unidades sanitárias, entre centros, postos saúde e um hospital, cujos trabalhos de assistência mé-dica e medicamentosa são assegurados por mais de 90 profissionais, como médicos, enfermeiros e técnicos de diagnóstico.

Dina Domingos disse que a Administração Municipal de Chicomba fez a requisição de novos equipamentos para os laboratórios de análises clínicas, tendo destacado a presença, na localidade, de pessoal qualificado para o manuseamento dos meios, entre os quais alguns especialistas cubanos.

Mais água potável

A administração local do Estado aposta na construção de sistemas de captação e abastecimento de água potável às populações da região, com realce às zonas mais recônditas do município de Chicomba, circunscrição que conta com mais de 153 mil habitantes. É nesta perspectiva e no âmbito do PIIM, que pelo menos 178 milhões de kwanzas estão a ser investidos na construção e ampliação do sistema de captação, tratamento e distribuição de água potável.

As obras decorrem sem sobressaltos. Quando concluídas, a capacidade de distribuição do líquido precioso vai passar de 10 para 40 metros cúbicos hora, e contemplar mais de 70 mil habitantes, residentes na sede municipal e periferia. Os trabalhos incidem na construção de uma Estação de Tratamento de Água (ETA), requalificação da rede adutora, distribuição de água através de novas ligações, entre outras acções não menos importantes.

Um dos responsáveis da empresa contratada para o efeito explicou que, a obra será executada em cinco fases. “Prescreve a captação da água a partir do rio Cuvundje, instalação da nova linha de conduta adutora, edificação da nova Estação de Tratamento de Água, substituição da rede de distribuição e ligações domiciliares”, esclareceu Edson Lopes.

Um outro projecto, orçado em 600 mil euros, que visa o reforço da segurança alimentar a dezenas de famílias vulneráveis dos municípios de Chicomba e Jamba-Mineira, está a ser financiado pela União Europeia. O mesmo contempla os pequenos agricultores da região, que vão aprender técnicas modernas de lavoura, para aumentar as colheitas e diversificar o cultivo.

Apelidado de “Tchenda”, que em português significa “caminhar”, a acção prescreve a formação de um total de 236 mil agricultores, incluindo os técnicos da Direcção Municipal da Agricultura, assim como os da Estação de Desenvolvimento Agrário (EDA) de Chicomba. Há registos de tremura de terra no Chicomba.

A localidade situa-se no centro da província da Huíla e possui uma altitude média de 1.527 metros. Os solos são do tipo arenoso e argiloso. Os rios Quê e Cuvundje, afluentes do rio Cunene, favorecem a prática agrícola na região.

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