Catalunha: Independentistas devem voltar a ganhar eleições regionais

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Os partidos separatistas catalães, com uma maioria de lugares no parlamento regional, conduzem a Generalitat (Governo regional) desde 2015, mas estão muito divididos desde que em 2017 foram derrotados na sua tentativa de ganharem a independência de Espanha.

Apesar de, desde a chegada ao poder no Governo central espanhol do socialista Pedro Sánchez em 2018, as tensões com Madrid terem diminuído, parece que estas se deslocaram para o seio do movimento independentista, principalmente entre as duas formações separatistas mais importantes coligadas no atual executivo regional.

O Juntos pela Catalunha (JxC, direita), o partido do antigo presidente regional que agora está fugido na Bélgica, Carles Puigdemont, continua a defender o confronto com o Estado central e repete que pretende proclamar unilateralmente a independência, se ganhar as eleições.

Por seu lado, a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, socialista) defende o diálogo com Pedro Sánchez, sendo mesmo um seu aliado fundamental para este se manter no poder em Madrid.

O politólogo e professor de ciências Políticas na Universidade de Barcelona Oriol Bartomens está convencido de que os independentistas “vão continuar a ter a maioria” no parlamento regional, o problema é que “não têm confiança uns nos outros”, o que vai levar a uma “grande instabilidade” governativa, sendo difícil que se aguentem durante toda a legislatura.

O primeiro-ministro de Espanha, Pedro Sánchez, lançou o antigo ministro da Saúde Salvador Illa como candidato socialista nas eleições catalãs, que de acordo com as sondagens pode ser o mais votado.

A maior parte dos estudos de opinião publicados até agora dão o cabeça da lista do Partido Socialista da Catalunha (PSC, associado ao PSOE) ligeiramente à frente (21-22%), das duas principais formações independentistas que governam coligadas a comunidade autónomas: a Esquerda Republicana da Catalunha (ERC, 20-21%) e o Juntos pela Catalunha (JxC, 19-20%).

O bloco de partidos independentistas teria, assim como nas eleições anteriores de 2017, cerca de 47% dos votos contra mais de 49% no bloco constitucionalista, mas continuariam a ter mais lugares no parlamento regional devido a um sistema de votação que valoriza os votos nas zonas rurais, com menos população.

Se os partidos independentistas tiverem uma maioria de lugares, apesar de divididos, seria incompreensível para os seus apoiantes que deixassem escapar a oportunidade para, mais uma vez, governarem a Catalunha.

“As bases dos partidos não iriam compreender” que não se formasse um executivo separatista, defende o professor de Meios de Comunicação e Política da Universidade de Navarra Carlos Barrera.

Os analistas concordam que a ERC pode ter um papel central na futura negociação para se formar um executivo na Catalunha.

Esta formação é a única que pode, eventualmente, escolher entre o bloco separatista ou fazer uma ponte com partidos constitucionalistas mais próximos ideologicamente, como o PSC e o En Comú Podem (a marca catalã do Podemos nacional, de extrema esquerda).

Mesmo assim, Carlos Barrera está convencido de que a dimensão separatista vai “estar por cima” da ideológica e acabar por condicionar a formação do futuro executivo.

A reta final da campanha eleitoral na Catalunha, que acaba esta noite, foi marcada pela assinatura de um documento entre os partidos independentistas com assento parlamentar — JxC, ERC, CUP, e PDeCAT (Partido Democrático Europeu da Catalunha, direita) — para que não haja pactos pós-eleitorais com o PSC.

O verdadeiro alcance deste compromisso foi colocado em causa ao não ser assinado pelo cabeça de lista da ERC, mas sim por outra figura menos importante da lista deste partido.

A incerteza quanto ao resultado das eleições regionais aumenta com o previsível crescimento da abstenção, com muitos eleitores a afirmar que não irão votar.

Se em 2017 eram apenas 2% os que afirmavam que não iriam votar, agora seriam 12%, de acordo com as sondagens, sendo esta percentagem maior do que a verificada antes das eleições galegas (4%) e bascas (8%) realizadas em julho do ano passado, já durante a pandemia de covid-19.

Um total de 14.200 agentes da polícia regional (Mossos d’Esquadra) e da polícia local da Catalunha estão destacados para assegurar a segurança nas 2.769 mesas de voto no domingo.

A Catalunha está situada no nordeste de Espanha e é uma das 17 comunidades autónomas do país, com um Governo e um parlamento regional, assim como uma polícia própria (Mossos d’Esquadra).

O executivo catalão, assim como o das outras comunidades autónomas, tem poderes importantes em áreas como a Educação e a Saúde, mas as outras principais áreas de governação estão nas mãos do Governo central: impostos, negócios estrangeiros, defesa, infraestruturas (portos, aeroportos e caminhos de ferro), entre outros.

A região tem cerca de 7,8 milhões de habitantes e é considerada a mais rica de Espanha, produzindo um quinto da riqueza do país e com um PIB anual superior ao de Portugal ou da Grécia.

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