Ajustiça norte-americana acusa o australiano de 49 anos de espionagem, podendo condená-lo a 175 anos de prisão por ter divulgado, desde 2010, mais de 700 mil documentos confidenciais sobre atividades militares e diplomáticas norte-americanas, principalmente no Iraque e no Afeganistão.
Os Estados Unidos acusam o fundador do WikiLeaks de ter colocado em perigo fontes dos serviços norte-americanos, o que Assange contesta.
Julian Assange foi preso em Londres em abril de 2019, depois de sete anos a viver na embaixada equatoriana, onde se refugiou após violar as condições da sua liberdade condicional por receio de ser extraditado para os Estados Unidos.
O relator das Nações sobre temas relacionados com tortura, Niels Melzer, enviou na terça-feira passada uma carta aberta ao Presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, pedindo-lhe para perdoar o fundador do Wikileaks e defendendo que Julian Assange não é um “inimigo do povo norte-americano”.
Segundo o relator da ONU, Julian Assange não pirateou nem roubou nenhuma das informações que publicou, tendo-as obtido “de fontes e documentos genuínos, da mesma forma que qualquer outro jornalista de investigação sério e independente” faria.
“Processar Assange por publicar informações verdadeiras sobre condutas oficiais graves, seja na América ou noutro país, constitui aquilo que se chama ‘matar o mensageiro'”, afirmou.
“Ao perdoar Assange, o Presidente envia uma mensagem clara de justiça, verdade e humanidade ao povo norte-americano e ao mundo, reabilitando um homem valente que sofreu injustiças, perseguições e humilhações durante mais de uma década, só por dizer a verdade”, alegou.
Enquanto aguarda a decisão britânica, o fundador do Wikileaks está detido na prisão de alta segurança de Belmarsh, em Londres, tendo as condições em que vive sido denunciadas por Niels Melzer.
Na carta aberta a Trump, o relator da ONU explica também que o australiano “sofre de um problema respiratório comprovado, que o torna extremamente vulnerável à pandemia da covid-19, que recentemente eclodiu na prisão”.
Também o Governo alemão assumiu estar preocupado com o processo de extradição devido ao “estado de saúde física e mental” de Julian Assange.
“Os direitos humanos e os aspetos humanitários de uma possível extradição não devem ser negligenciados”, escreveu o comissário alemão para os Direitos Humanos e Ajuda Humanitária, Bärbel Kofler, num comunicado divulgado na quarta-feira passada, sublinhando que o Reino Unido está “vinculado pela Convenção Europeia dos Direitos Humanos”.