João Lourenço, candidato às Eleições Gerais de amanhã, disse, esta segunda-feira, que o MPLA está preocupado em acabar com o analfabetismo de uma forma geral, sobretudo entre as mulheres, considerando pouco digno nesta altura alguém não saber ler o próprio nome.
O presidente do MPLA falava no encontro com as mulheres, no Pavilhão Multiusos do Kilamba, sob o lema “mulheres comprometidas com a paz e desenvolvimento social de Angola” e afirmou que para se dar dignidade à mulher uma das pequenas e grandes coisas que o partido tem pela frente é fazer tudo no sentido de tirá-la do analfabetismo.
Realçou que alfabetizar, também, não é tudo, pois é preciso continuar a trabalhar, algo que reserva para o próximo mandato, para reduzir, e acabar com o abandono escolar, da jovem mulher. “O abandono escolar é responsável pelo atraso. A mulher iletrada é uma mulher indefesa. Mais facilmente pode ser manobrada, pode ser maltratada, não só pelo companheiro, quando vier a ter, mas pela sociedade. Se a mulher for letrada, está em melhores condições de se defender contra qualquer tipo de discriminação”, disse.
Destacou que o MPLA vai continuar a lutar contra o abandono escolar dos cidadãos de uma forma geral, mas em particular o da jovem mulher, referindo-se como um dos factores deste fenómeno a gravidez precoce.
“Nós que andamos um pouco pelo país, de Cabinda ao Cunene, do Mar ao Leste, constatamos que, nas comunidades, sobretudo, nas rurais, existe um número bastante elevado de jovens mulheres que abandonaram a escola ou que nunca estiveram na escola e que, como consequência, acabam por cair naquilo a que chamamos gravidez precoce, o que não é bom”, admitiu. Apelou a todos a lutarem contra a gravidez precoce: “Criança de 12 anos ser mãe é doloroso. Mas o número de crianças, tanto jovens mulheres que acabam por ser crianças, mais ou menos com 12, 13, 14 anos, com um bebé ao colo, é grande. E isso deve preocupar-nos a todos, toda a sociedade, as mulheres, os homens, todos nós. Devemos fazer qualquer coisa no sentido de lutarmos contra a gravidez precoce”.
Acrescentou que o planeamento familiar é algo que o MPLA defende como necessário e que nos programas de defesa da mulher, de protecção da mulher, deve ter prioridade, no sentido de educar a jovem mulher para a maternidade no momento certo.
“Há tempo para tudo. Há tempo para nascer, para crescer, para nos prepararmos para vida, para estudarmos, formarmo-nos, ganharmos conhecimento. E então chegará o tempo de nos relacionarmos com alguém que passará a ser o nosso parceiro ou a nossa parceira para o resto da vida e cumprirmos com a missão de nos multiplicarmos”, observou.
O candidato à reeleição ao cargo de Presidente da República reafirmou ainda a propósito do tempo: “Há tempo para tudo. Que 12 anos de idade não é momento para se ser mãe. Aos 12 anos, essa criança deve estar na escola. Essa idade de 12 anos, 14 anos, é momento para estar na escola, para se formar, para ganhar os conhecimentos que lhe vão ajudar a enfrentar as vicissitudes da vida”.
Prometeu que o MPLA assume esse compromisso de trabalhar para o planeamento familiar, para que as famílias que vierem a formar-se o resultado da junção de dois seres diferentes venham a ser famílias sólidas, que contribuam para o desenvolvimento da sociedade.
Igualdade entre homens e mulheres
João Lourenço informou que o MPLA vai lutar, permanentemente, pela igualdade de género, no sentido de oferecer à mulher angolana os mesmos direitos e oportunidades que são dadas a qualquer cidadão nacional.
Destacou o direito à Educação, aos cuidados de saúde, ao trabalho condigno, ao direito a ascender na carreira profissional, ao de ocupar importantes cargos políticos e não só na hierarquia do Estado angolano.
Em relação à dignidade da mulher, considerou necessárias algumas coisas concretas, porque não basta falar, não bastam as palavras bonitas. “Todos nascemos do ventre de uma mulher. E não é justo que discriminemos a nossa mãe, que tratemos a nossa mãe de forma diferente a que tratamos um homem ou alguém do sexo masculino. Nós devemos a nossa vida, em primeiro lugar, à nossa mãe, que nos suportou durante nove meses no seu ventre, mas que nos suporta sempre, enquanto ela estiver em vida. Para as mães, os filhos são sempre filhos. Não importa a idade que tenhamos, elas nos tratam sempre com muito carinho, como se fôssemos recém-nascidos”, prosseguiu.
Reconheceu que, primeiro, é preciso assegurar os direitos da mulher contemplados na Lei. “Precisamos fazer cumprir a lei na prática, respeitar o que o diz em relação ao tratamento que deve ser dado à mulher, porque ela é um ser humano tanto quanto os homens”, insistiu.
Combate à violência doméstica
João Lourenço frisou que a sociedade enfrenta, lamentavelmente, um fenómeno criminoso que é a violência doméstica, a violência no género, a violência que tem como base o simples facto de um dos parceiros em casa se sentir mais forte fisicamente e julgar estar no direito de praticar pugilismo com a própria companheira.
Sublinhou que se deve trabalhar, não apenas para educar os cônjuges, quer seja o homem, quer seja a mulher, no sentido de que esta prática é condenável pela sociedade, defendendo a prevenção através da apresentação de queixa às autoridades, para que se cumpra o papel de impor a ordem no lar e na sociedade.
“Nós, quando protegemos a mulher, quando procuramos empoderar a mulher, não estamos a fazer apenas em relação à mulher. Estamos, ao mesmo tempo, a proteger, a empoderar a família, se considerarmos o importante papel que a mulher joga no seio da família. E ao fazermos isso estaremos, também, a proteger um outro ser. Estaremos a proteger um ser, o mais frágil da família, que é a criança. Pois, quando há violência no lar, não é só o cônjuge agredido que sofre, é toda a família que sofre, mas, sobretudo, aqueles que são mais frágeis, que não estão em condições de se auto-defender. E esses são, sem sombra de dúvidas, as crianças”, explicou o presidente do MPLA.
Empoderamento da mulher
João Lourenço disse que vai continuar a trabalhar pela emancipação da mulher, para que haja o desenvolvimento económico e social do país. Disse que nestas eleições o lema é “paz e desenvolvimento”, mas que só pode haver se conseguir trabalhar com todos juntos, homens e mulheres, em pé de igualdade, não desperdiçando o grande potencial que a mulher tem, o seu gênio inovador, empreendedor.
Na visão do líder do MPLA, é importante trabalhar-se pela igualdade de género, pelo empoderamento da mulher, da família, que é o núcleo principal da sociedade, para que tenha uma sociedade saudável, forte, que contribua para o desenvolvimento do país.
Candidato do MPLA apela ao voto das mulheres
Apelou às mulheres a votarem no candidato do partido, no número 8, no João Lourenço, na fé que esta franja feminina da sociedade vá reforçar a sua força política: “Também é melhor, para condizer. Vai votar no MPLA, vai votar no seu candidato, vai votar no 8. Mas, para isso acontecer, precisamos trabalhar. Ainda temos algumas horas. Essas poucas horas que nos faltam não devem ser desperdiçadas”.
De acordo com João Lourenço, o momento ainda não é de festa, há-de chegar essa oportunidade. “O momento ainda é de trabalho, precisamos trabalhar. A lei confere-nos a possibilidade de trabalharmos hoje, todo o dia, a fazermos aquilo que vulgarmente se chama caça ao voto, porta a porta, de convencimento dos cidadãos eleitores a votarem no nosso partido, no seu candidato e no número 8”, sublinhou.
Reiterou que ainda tem tempo de ensinar os eleitores a votarem correctamente no MPLA, no seu candidato e no 8: “Ainda temos tempo também de ensinar os eleitores, hoje, a saberem identificar, sem hesitações, identificar de forma correcta, a sua assembleia de voto, para que, no dia 24 do corrente mês, não andem pelas cidades, pelas vilas, à procura da assembleia de voto, algo que já deviam conhecer muito antes do dia 24. Porque se ele não conseguir identificar a assembleia de voto, é um voto perdido. É um voto que poderia ser a nosso favor, a favor do MPLA. Pois, não o vamos ganhar por desconhecimento do eleitor”.
João Lourenço reconheceu a força da mulher. “O filho veio ao encontro da mãe! E veio ao encontro da mãe para buscar inspiração para poder enfrentar um grande desafio da sua vida, que são as eleições que terão lugar dentro de sensivelmente 48 horas, dia 24 de Agosto”, acrescentou, lembrando que “é um grande desafio” para o qual é necessária muita serenidade, mas também encorajamento. “E é esse encorajamento que nós viemos buscar junto da mulher angolana”, rematou.