José Eduardo Van Dunen nasceu supostamente em Luanda a 28 de agosto de 1942. Mas o local de nascimento não é conhecido ao certo. Há quem diga que a capital, Luanda, é a cidade berço mas há também quem garanta que terá nascido em São Tomé e Príncipe, de onde eram naturais os pais, Avelino Eduardo dos Santos, pedreiro, e Jacinta José Paulino, empregada doméstica.
Cumpriu a primária e o ensino secundário na capital angolana, na altura sob a administração colonial portuguesa.
Juntou-se ao Movimento Popular de Libertação de Angola quando tinha 16 anos. Era apenas um dos movimentos independentistas a nascer no país.
Quando a guerra contra a presença portuguesa começou a ser violenta, depois de um ataque contra a população branca, José Eduardo dos Santos saiu de Angola e refugiou-se na República do Congo, continuando a coordenar o movimento à distância.
Foi dentro de fronteiras da antiga União Soviética que viria a licenciar-se em Engenharia de Petróleos, ao abrigo de uma bolsa de estudos. Também sob a doutrina de Moscovo, estudou Telecomunicações Militares, precisamente as funções que viria a desempenhar no regresso a Angola, ainda território ultramarino, e ao MPLA em 1970.
Foi nesse momento que abraçou um papel de destaque na luta pela independência.
Com a revolução em Portugal e o fim da ditadura, desmoronou também o império ultramarino.
Um ano depois, dá-se a proclamação de independência de Angola a 11 de novembro de 1975.
Pela mão do Presidente Agostinho Neto, Eduardo dos Santos é nomeado ministro das Relações Exteriores do Governo do MPLA que garantiu o poder na capital enquanto enfrentava uma guerra com a União Nacional para a Independência Total de Angola, a UNITA.
Com a morte de Agostinho Neto em 1979, José Eduardo dos Santos foi eleito Presidente do MPLA e Presidente de Angola. Tinha apenas 37 anos.
Mas os anos que se seguiram seriam tudo menos pacíficos. Apesar do MPLA dominar a capital, travava uma violenta batalha com outro dos movimentos independentistas mais sólidos, a UNITA.
Uma guerra civil que já levava 16 anos, que fez milhares de vítimas e levou ao colapso económico do país.
Em 1991, Eduardo dos Santos e Jonas Savimbi assinaram um acordo de paz em Bicesse, no Estoril, sob a mediação do governo português liderado pelo então Primeiro-ministro Cavaco Silva.
Seguiram-se as primeiras eleições livres no país, a 29 de setembro de 1992, sob o olhar atento das Nações Unidas.
O MPLA e José Eduardo dos Santos venceram mas a UNITA não aceitou os resultados acusando o governo de fraude. A guerra civil prolongou-se até 2002, o momento em que Savimbi é morto durante os combates no Moxico. UNITA e MPLA assinam então um acordo de paz.
Eduardo dos Santos, e o MPLA, continuariam a vencer as eleições que se seguiram.
O presidente angolano terá sido alvo de pelo menos três tentativas de assassinato, uma em 2010 e duas no ano seguinte.
Foi um dos homens que mais tempo estiveram no poder em África. Governou o país durante 38 anos, alimentando uma sociedade em que os ricos se tornaram mais ricos e a pobreza invadia praticamente tudo o que ficava fora da bolha de Luanda.
Acabaria por abandonar a presidência em 2017, sob forte contestação popular. João Lourenço seria o sucessor.
Angola é considerado um dos países mais corruptos do mundo. Em 2020, a organização Transparência Internacional colocava o país em 136.º lugar entre 180 países no Índice de Perceção da Corrupção. O antigo presidente é acusado de distribuir riqueza e facilitar negócios aos filhos durante décadas.
Um deles, José Filomeno dos Santos, foi nomeado para dirigir o primeiro Fundo Soberano de Angola, com 5 mil milhões de dólares, a instituição encarregue de gerir as receitas do petróleo.
A filha Isabel dos Santos, que passou pela liderança da Sonangol e que foi considerada umas das mulheres mais ricas de África, tem uma fortuna estimada em mais de 3 mil milhões de dólares. Acabou por ver todos os bens serem arrestados no processo Luanda Leaks, que denunciava privilégios decorrentes da posição privilegiada do pai.
Em abril de 2019, José Eduardo dos Santos, refugiou-se numa mansão em Barcelona. As últimas imagens do ex-Presidente de Angola revelavam um homem visivelmente debilitado.
Em março deste ano tinha voltado ao hospital da cidade catalã para novo acompanhamento médico.