DE ALVOR AO LUENA NA BUSCA DO ENTENDIMENTO ENTRE IRMÃOS.

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Artigo de Opinião
_BY: LUKAMBA GATO_
De Alvor até aos dias de hoje, foi uma longa e penosa caminhada de 46 anos, na busca do difícil mas absolutamente necessário entendimento entre os angolanos, com vista ao reencontro com o seu destino e reconstrução do seu belo e rico país.
Eis algumas das principais etapas percorridas nessa nobre e patriótica missão:
Mombasa e Nakuru no Kenya, Johannesburg e Pretoria na Africa do Sul, Rabat e Casablanca no reino de Marrocos, Franceville e Libreville no Gabão, Kinshasa e Gbadolite na RDC, Whashington e New York nos USA.
Seguiu-se Évora, S.Julião da Barra, Pedrouços, Base aérea de Sintra e Bicesse.
Adis Ababa na Ethiopia, Abidjan na Côte d’Ivoire, e Lusaka na Zâmbia.
Em cada uma das fases os irmãos desavindos tiveram “amigos e aliados” que tinham as suas próprias agendas e interesses geoestratégicos que não conheciam o interesse de Angola e dos angolanos.
Foi assim que libertados das amarras do sistema colonial português, acto contínuo fomos apanhados na engrenagem do conflito geoestratégico entre os dois blocos político-ideológicos com visões diferentes sobre a forma de organização do Estado, principalmente nas áreas política, económica e social mas que pretendiam expandir a sua influência a nível planetário.
Pela sua localização estratégica e pelos enormes recursos naturais de que dispõe, o nosso país, obviamente não escapou dos apatites vorazes daquelas duas superpotências que exacerbavam as contradições entre irmãos para melhor reinarem.
Eu tive o privilégio de ter estado envolvido em todos os esforços para a busca de uma Paz efectiva desde o início da década 90 da Século passado (Évora em 1990), sob a direção do velho Jonas Savimbi.
Contudo, em todas as fases deste difícil processo foi particularmente pungente para mim ouvir vozes roucas e incrédulas a tentarem remar contra a corrente.
Foi visto por todos no nosso Parlamento, em meados dos anos 90, um muito alto dirigente do partido da situação em prantos depois da conclusão do Protocolo de Lusaka e preparação do processo de operacionalização do Governo de Unidade e Reconciliação Nacional “GURN”.
Não mais tarde do que no dia 26 do corrente e na sequência da declaração proferida à Nação por Sexa Presidente da República, outras vozes, felizmente a partir do exterior do país, se opuseram de forma particularmente virulenta, comparando o pedido expresso do Presidente, de desculpas públicas e perdão pelos excessos dos acontecimentos do 27 de Maio 1977, como uma forma de demitir-se das suas responsabilidades de Chefe de Estado.
Os angolanos podem até discordar com a forma como este processo foi conduzido mas isso não retira o mérito quanto ao espírito que presidiu a iniciativa.
Para nós os angolanos, as iniciativas deste género que apontam para o apaziguar dos espíritos, o serenar dos ânimos e a Reconciliação Nacional serão sempre bem vindas.
O Presidente da República colocou aos angolanos todos um grande desafio. Agora temos de pôr à prova a nossa capacidade de nos perdoarmos mutuamente de forma sincera e definitiva.
Só se opõe a estas iniciativas quem não sentiu na sua pele ou de seus próximos os efeitos das profundas divisões que nos afetaram e continuam em certa medida a afetar-nos.
Costuma a dizer-se que IRMÃOS são o que os melhores amigos nunca poderão ser.
Os “amigos” que a partir do estrangeiro indicam-nos o caminho da discórdia e da divisão devem merecer o nosso mais veemente repúdio.
Nós os irmãos da mesma mãe, Angola, não queremos mais apontar os dedos recriminatórios uns aos outros pois já percebemos que é necessário nesta fase da nossa história, assumirmos com humildade e coragem todo o nosso passivo e olharmos para a frente com uma postura/atitude diferentes.
Queremos agora arrumar a nossa casa para depois convidarmos os verdadeiros amigos para a festa do nosso reencontro.
Nós os irmãos, agora e depois de mais de três décadas de divisões, já sabemos identificar o nosso interesse comum e distinguir o amigo do não amigo.

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