As vacinas foram transportadas para Díli num voo ‘charter’ contratado pelo Fundo da Nações Unidas para a Infância (UNICEF), que está a apoiar Timor-Leste no transporte das vacinas, e operado pela My Indo Airlines, uma empresa de transporte de carga com sede em Jacarta e que opera, entre outros locais, também a partir de Singapura.
Intervindo na cerimónia de boas-vindas às caixas de vacinas, que foram colocadas em carros frigoríficos e vão agora ficar na farmácia central do Governo, a ministra da Saúde, Odete Belo, saudou o momento e apelou à participação de todos na vacinação.
“Obrigado por todo o trabalho que os funcionários de saúde, as equipas de linha da frente e os nossos parceiros têm feito para combater a covid-19 e para ajudar a salvar a vida da população”, afirmou Odete Belo.
“Hoje é um passo importante, o termo de entrega das primeiras vacinas pela OMS [Organização Mundial de Saúde] e UNICEF ao Ministério da Saúde. O processo de vacinação vai avançar e o primeiro-ministro, Taur Matan Ruak, vai ser o primeiro vacinado”, disse.
A ministra sublinhou a importância da vacinação, como passo de combate à pandemia, e reiterou a segurança e eficácia da vacina.
“Estamos a continuar o nosso trabalho para sensibilizar a população para a necessidade de se vacinarem. A vacina é eficaz, é de qualidade e devem todos vacinar-se”, considerou.
O objetivo das autoridades timorenses é iniciar o programa de vacinação, numa primeira fase para trabalhadores da linha da frente, a 07 de abril, quando se assinala o Dia Mundial de Saúde.
Simbolicamente, e no âmbito da campanha de sensibilização da população, os primeiros vacinados serão os titulares dos órgãos de soberania, o Presidente da República, o presidente do Parlamento Nacional, o primeiro-ministro e o presidente do Tribunal de Recurso.
Da campanha farão ainda parte as vacinações de líderes religiosos e líderes históricos nacionais, incluindo Xanana Gusmão, Mari Alkatiri e José Ramos-Horta.
Bilal Aurang Zeb Duni, o novo responsável da UNICEF em Timor-Leste, disse à Lusa que este é o início de um processo que vai continuar ao longo do ano, com vários carregamentos.
“Este é o início de uma longa jornada. Apoiamos no transporte das vacinas para Timor-Leste para que rapidamente se possa iniciar a vacinação e temos um plano de distribuição para todo o país”, referiu.
“Numa primeira fase serão as equipas da linha da frente, mais expostas à covid-19, a ser vacinadas. Tudo está a postos para que isso possa ocorrer”, disse, reconhecendo a pressão que há atualmente, a nível global, na produção.
“Esperamos receber o próximo carregamento em breve e completar na segunda metade do ano mais de 20% da população”, afirmou.
O responsável da Organização Mundial de Saúde (OMS) em Timor-Leste, Arvind Mathur, destacou a importância do momento “pelo qual esperou todo o país”, recordando que a vacina chega “quando ainda há grandes carências a nível mundial”.
O responsável da OMS referiu o impacto da iniciativa Covax em fazer chegar as vacinas aos países mais carenciados.
A chegada das vacinas que hoje recebemos simboliza a esperança e a promessa de melhores tempos no futuro”, afirmou.
“As últimas semanas têm sido difíceis para todos nós, especialmente para os funcionários de saúde que estão a responder ao aumento diário de casos da covid-19”, referiu.
Presentes no Aeroporto Internacional Nicolau Lobato, em Díli, estiveram entre outros a ministra dos Negócios Estrangeiros, Adaljiza Magno, representantes das agências internacionais no país, incluindo os embaixadores de Portugal, da União Europeia, dos Estados Unidos e da Indonésia.
A União Europeia e os seus estados-membros e o Banco Europeu de Investimento são dos principais contribuintes para a iniciativa Covax, com mais de 2,2 mil milhões de euros.
Andrew Jacobs manifestou satisfação pela chegada das primeiras doses ao país, considerando que o mecanismo Covax é um “grande exemplo da solidariedade global” e o “verdadeiro multilateralismo em ação”.
Além da aquisição e transporte das vacinas, o apoio europeu abrange ainda o processo de vacinação em si.
O voo de hoje ocorreu depois de um complexo processo inicial para a obtenção das vacinas iniciais através do mecanismo Covax (20% do total), com vários carregamentos que serão administrados em Timor-Leste de acordo com uma lista de prioridades.
No caso de Timor-Leste, a produção de vacinas é feita na Coreia do Sul, pela empresa SK Bio, com o parceiro logístico a ser a UNICEF, que organiza o transporte para Díli.